Em uma Universidade Federal qualquer…

Bom gostaria de começar este post/carta dizendo que sou aluna de uma Universidade Federal qualquer.

Você que está no cursinho escolhendo em qual Universidade irá estudar, qual a melhor qualidade de ensino??? Tenho uma triste notícia.

Se você almeja uma Federal irá para uma uma qualquer. Isso mesmo. Principalmente se o seu curso for voltado para área de humanidades. Essa é sua escolha??? Preprare-se, então, para o mar de egos.  Antigamente pensava que a briga era só entre o corpo discente. Boba eu. Nós somos apenas aprendizes.

Projeta a briguinha infantil para ver quem é o mais competente e você logo de cara irá esbarrar com os professores. Sabe aquele cara que você julga o melhor currículo Lattes da história? Então, este cidadão pode ser também o pior professor da sua vida. Ele só é bom pesquisador, aliás, eles acreditam sempre ser suas pesquisas particulares mais importantes do que a atividade docente.

O que isso quer dizer em Português claro:

O professor não vai se importar se a aula dele é boa, se a didática funciona, se o aluno está aprendendo. Se precisar ele vai incluir 500 seminários no programa de aula porque isso é mais cômodo. E vai exigir que você entenda e se não entender ele tem duas opções: ou te passa por ser mais cômodo ou te manda para exame. Depende do humor.

Mas isso não é tudo.

O ego é tanto que eles DOUTORES nunca aceitaram sugestões dos meros alunos. Se a grade está ruim, se você perceber falhas não poderá argumentar muito. Ele sempre terá um ar de superioridade, pertencente a um grupinho muito exclusivo. Brigam entre si, mas se unem para dizer ao aluno “olha você é discente, não tem a experiência que eu tenho, portanto fique quieto”.

O que mais assusta…

Sabe quando falamos mal de um funcionário público e dizemos que a estabilidade do cargo o torna acomodado?? Reclamamos para quem? Ouvidoria? O que podemos fazer? Esquecemos que os DOUTORES são funcionários públicos, tão acomodados ou mais que os outros e que GANHAM muito, mas bem mesmo.

Acho que os DOUTORES precisam passar uns dias na reciclagem, uns dias em uma escola pública na periferia, dando 20 aulas por semana e ganhando misérias. Porque se já estão desmotivados com o salário que conseguem , imagina metendo a mão na massa efetivamente.

E o agravante pior:

Descobri através do twitter que este desabafo encaixa-se em qualquer Universidade Federal. Triste.

Jéssica

Programação da III Semana de Ciências Sociais (SECS) – UNIFESP.

CRONOGRAMA III SeCS
(10/05 a 14/05)

10/05 – SEGUNDA

14:30 às 17h Apresentação de trabalho de alunos

Mesa: Literatura e Modernismo – Debatedor Professora Ana Lúcia Teixeira (sala 20)

Sarah Toledo
Adele C. dos Reis
Fernando Santana
Francisca B. Barbosa

Mesa: Religião e Teoria Social – Debatedor Professora Maria Cristina Pompa (sala 20)

Larissa Luque
Renato Müller Pinto
Amanda Teixeira Pinto
Laís F. Rodrigues

Mesa: Pensamento Social e Político Brasileiro – Debatedor Professor Lindomar Albuquerque (sala 13)

Nayara Baiochi
Leonardo O. Brito
Luiz A. Barros
Thiago Bueno

Mesa: Sociologia, Política e História – Debatedor Professor Carlos Bello (sala 13)

Priscilla Lemos
Maristela dos Anjos
Clarissa A. Noronha
Rodrigo Tieztman

18h às 19:30 Kiko Goifman – Antropólogo e Cineasta (Diretor dos filmes “33”, “Filmefobia”, “Território Vermelho”, entre outros)
“Entre bate-papo e cinema”

20h às 22h: Pensamento Social e Político Brasileiro
Prof. Dr. André Botelho – UFRJ
Prof. Dr. Bernardo Ricupero – USP
Prof. Dr. Luiz Carlos Jackson – USP

11/05 – TERÇA

15h às 17h: As ciências sociais em diálogo com outras áreas
Mestrando Emerson A. Noronha – UFABC
Profa. Dra. Wilza Vieira Villela – Unifesp SP

Palestra
18h às 19:30: Prof. Dr. Armando Boito Junior – Unicamp
“Hegemonia neoliberal e governo Lula”

20h às 22h Media, Tecnologia, Informação e as Ciências Sociais
Prof. Dr. Henrique Parra – Unifesp
Prof. Dra. Márcia Tosta – Unifesp
Prof. Dr. Sérgio Amadeu – UFABC

12/05 – QUARTA

14:30h às 17:00 Apresentação de trabalhos de alunos

Mesa: Cinema – Debatedor Professora Andrea Barbosa (sala 20)

Caio Vinícios Rosa
Gabriela Peters
Thaís Botelho
Vanessa Ferreira Sousa

Mesa: Media e Música – Debatedor Professor Henrique Parra (sala 20)

Cauê Martins
Diego Correa

Mesa: Migrações e Nacionalismos –Debatedor Professora Melvina Araújo (sala13)

Ana Lídia de O. Aguiar
Flávia M. Sá
Karina Lakerbai
Lucas Santiago Vilela
Thaís Leal

Mesa: Periferia, filmes etnográficos e grupos urbanos – Debatedor Professor José Carlos Gomes (sala 13)

Bárbara C. Sá
Debora Costa de Faria
Thales Bernardes

18h às 19:30 Apresentação da Monitoria das Ciências Sociais- “Civilização: perspectivas teóricas” (Local: Teatro)
Arianne R. Lovo
Carolina L. Zaupa
Fernando C. Santana
Jenifer S. Souza
Maura O. Carvalho
Roberta A. Villa
Samuel C. Maestro
Simony C. Teixeira

20h às 22h Corpo e Sexualidade
Dra. Isadora Lins Franca – Unicamp
Prof. Dr. Jorge Leite Jr – UFSCar
Profa Dra Tatiana Landini – Unifesp

13/05 – QUINTA

15h às17h: Literatura, Filosofia e Ciências Sociais
Prof. Dr. Alessandra El Far – Unifesp
Prof. Dr. Markus Volker Lasch – Unifesp
Prof. Dr. Silvio Rosa – Unifesp

Palestra
18h às 19:30 Prof. Dr.Richard Miskolci – UFSCar
“Os desejos da nação: a emergência do dispositivo de sexualidade no Brasil finissecular”

20h às 22h Debates atuais nas teorias das Relações Internacionais
Prof. Dr. Cristina Pecequilo – Unesp
Prof. Dr. Reginaldo Nasser – PUCSP

14/05 – SEXTA

15h às 17h: Direitos Humanos
Prof. Dr. Bruno Konder Comparato – Unifesp

20h às 22h Políticas Públicas
Daniel Teixeira de Lima – Diretor ETEC-CEPAM
Mestrando Heber Rocha – FGV

22h Festa Très SeCS
Banda Mundo Cana: Redescobrindo Musicalidades

DJ’s: Márcia Tosta, Miwa, Lauren e Daslu

Local: CA

Os micos do MEC e a política de educação no Brasil

Essa semana as pessoas puderam observar em diversas redes sociais, a insatisfação com a forma escolhida pelo MEC para distribuir as vagas nas disputadas universidades federais. A nova maneira de seleção começou como um desastre e está terminando como tal.

De maneira geral, os antigos vestibulares foram substituídos pelo Enem( exame nacional do ensino médio) avaliação aplicada há anos e que nunca revelou ter muito valor entre  os vestibulandos que buscam uma universidade pública.

Pois bem, do Enem surge a primeira escorregada do MEC. A prova vazou antes que fosse aplicada. Um mico, um escândalo e a credibilidade do Enem, que já não era muita, foi por água a baixo. Rolou uma cassa às bruxas, cancelamento da prova, quem pretendia utilizá-la  para ganhar pontos nos vestibulares da Unicamp e da USP, simplesmente não puderam.  Com isso muitos dos vestibulandos desistiram e não fizeram a prova. Quem fez ainda viu a publicação de um gabarito errado( segundo mico)

Agora para finalizar a desastrada odisséia no processo de seleção desenvolvido pelo Ministério da Educação, surgiu o Sisu(sistema de seleção unificado). Esse é um King Kong. Não conheço um candidato que não tenha reclamado. O sistema era falho, não agüentou o fluxo de acessos, o cálculo das notas era totalmente confuso e um dos critérios de desempate era justamente a ordem da inscrição no tal sistema( depois o MEC teve bom senso(?) de retirar este critério).

Preocupações: será que o nível dos alunos nas federais vai continuar o mesmo? Será que o MEC que está preocupado tão preocupado em aumentar o número de vagas se preocupa em manter a qualidade das Universidades? Isso porque estudo em uma Universidade Federal que não tem nem salas suficientes para os novos alunos. Isso sem contar a escassez de professores e diversos outros problemas de estrutura.

O que tudo isso revela? TOTAL despreparo do Ministério da Educação com a Educação. Assim como as instituições de ensino particulares tornaram-se empresas, as Federais tem se tornado instrumento de manobra eleitoreira e isso não muda, entra governo, sai governo, a educação continua sendo utilizada para ganhar votos. Parece aquelas obras maquiadas que inauguram e depois de 15 dias já está tudo desmoronando. Exato, é isso que vai acontecer.

Daqui uns anos a Universidade vai estar inchada, com um monte de alunos, sem estrutura nenhuma para manter um ensino qualificado. Porque insistem em investir na ponta, o resultado aparece mais rápido. Assim, eu lanço um prouni e abro vagas em universidades péssimas, aumento as vagas das federais sem me preocupar com a estrutura e lanço um programa de publicidade em cima disto. Porque tentar um programa de valorização de professores e melhoria de ensino em escolas públicas não garante tantos votos.

É assim que a educação vai sendo mantida: cada governo uma política nova, mas nada efetivo. Enquanto isso vamos continuar lendo reclamações de Sisu, Enem, Prouni, Saresp e outros….

Jéssica

Eu, Bourdieu e a SPFW

Quando o convite surgiu nem tive como recusar. Sexta-feira, último desfile do dia, quarta fileira e depois a possibilidade de ir para uma festinha de modeletes esquálidas, fashionistas estranhos, musica esquisita mas, em contrapartida, muita bebida na faixa. Era a primeira vez que pisava na Bienal consciente do que eu iria fazer lá: observar e observar, anotar e anotar. Meu primeiro trabalho de campo.

 

A intenção de estudar sociologia da Moda veio depois de ler Geertz. Confesso que a principio, uma etnografia me pareceria o primeiro passo, mas conforme a gente vai conhecendo e se aprofundando em alguns outros autores bem mais interessantes, descobrimos que muito mais que uma simples etnografia, o estudo da Sociologia da Moda pode se tornar uma filosofia de vida.

 

Pois é, e assim fomos eu e mais o Bourdieu caminhos à São Paulo Fashion Week. Dentro da Bienal tive certeza que escolhi o caminho certo dentro das Ciências Sociais, a sensação de um peixe fora d’água não poderia ser maior: eu não me encaixava em nenhum dos estereótipos, eu não me identificava com nenhuma das pessoas, eu não conseguia chegar perto de ninguém, as promotoras de brindes me evitavam, ninguém me via e assim, oculto em meio a todo mundo, pude me sentar em desconfortáveis assentos e escrever, escrever e escrever.

 

Ironicamente eu ria sozinho de algumas situações engraçadas e pessoas estranhas e em outras situações eu me perguntava o quão difícil deve ser conseguir um lugar de destaque no meio de tanto ego inflado, tantas belezas efêmeras, tanto dinheiro jogado no lixo e, principalmente, frente a tanta gente que não é ninguém e se acha todo o mundo. Neste momento percebi o quanto vale a pena uma boa companhia, uma conversa inteligente e o quanto é importante ter para onde correr, foi então que abri o livro do Bourdieu e li:

 

 “Querer fazer a revolução em um campo é concordar com o essencial do que é tacitamente exigido por esse campo, a saber, que ele é importante, que o que está em jogo aí é tão importante a ponto de se desejar aí fazer a revolução.¨.

 

Foi então que entrei num dos stands, peguei uma taça de champanhe, fui assistir aos desfiles e comecei a conversar sobre belezas esquálidas, modelos efêmeras, fashionistas incríveis e festinhas do momento. Tudo em nome da Sociologia, claro!

Começo…

Bem… Aqui estamos para começar uma coisa séria, mas não tão séria ao ponto de tirar o nosso bom humor ou nossa ironia e sarcasmo – Aí vai da interpretação de quem lê.

 

Lembro-nos daquele fatídico dia em que chegamos naquele lugar ermo e estranho e que ainda estava em obras, pré-acabado. Uma espécie de casa de campo de país subdesenvolvido ou até mesmo posto de saúde de bairro.estávamos na UNIFESP (Univ. Federal de São Paulo)

 

Dirigimo-nos todos ao anfiteatro, a única coisa acabada e realmente interessante naquele lugar, e em instantes nos percebemos um ao lado do outro. entre sussurros o bate-papo: Qual o curso? e as respostas: Ciências Sociais, e você? Também, noturno!! E vcs? Também! E assim começou!

 

Nas caronas de volta para a casa, após o término da aula, era onde se montava o palco para nosso show! Ali nasceram tantas piadas e histórias engraçadíssimas, vivencias incríveis, discussões quentes nos primeiros passos políticos-sociologicos-antropologicos e uma amizade muito gostosa.

 

Além disso, identificamo-nos por compartilhamos nossas angústias entre fazer um curso FASCINANTE como as Ciências Sociais, mas ter que dedicar maior parte da nossa vida ao nosso trabalho que até agora, de nada tem a ver com nosso curso e nossas aspirações.

 

É isso, abreaspas

 

Aline – Gustavo – Jéssica

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